Com o avanço das soluções, preços mais acessíveis e mudança de cultura de empresários e dos consumidores, novas tecnologias conquistam o mercado brasileiro

O primeiro supermercado do Brasil a utilizar impressoras inteligentes de recibos para web é uma pequena rede varejista do interior de Santa Catarina, o Vipi Supermercados. Desde a implementação da tecnologia, em janeiro de 2017, a rede reduziu em 20% o tempo de espera de seus clientes nas filas e em 90% os custos de manutenção com a nova solução, fabricada pela Epson, um dos principais parceiros da Ingram Micro. Com CPU já integrado, os compactos terminais all-in-one (tudo em um) dispensam conexão com um computador, garantindo agilidade nas impressões e maior espaço de trabalho para os operadores. O movimento da rede Vipi representa muito além de uma aposta da varejista numa nova solução – o investimento da rede simboliza a democratização das tecnologias de automação comercial a pequenas e médias empresas, antes restritas às indústrias sobretudo de grande porte. Entender essa nova dinâmica de mercado é o ponto de partida para aproveitar as oportunidades de um setor que já movimenta mais de R$ 214,8 bilhões, valor semelhante à geração de riquezas do Estado de Santa Catarina. É nesse mercado que a Ingram Micro amplia suas apostas também, em busca do melhor posicionamento junto com os principais fabricantes e importantes players do Brasil e no mundo.

Os primeiros momentos da automação comercial no Brasil, ainda no final da década de 1970, foram marcados por caixas registradoras totalmente mecânicas. A década seguinte trouxe os modelos eletrônicos analógicos e os primeiros leitores de códigos de barras, mas os preços altos e a difícil manutenção ainda impediam a popularização desses equipamentos no País. O mercado evoluiu e a dinâmica do passado agora contrasta com as profundas transformações do presente. Os pontos de vendas do varejo já passaram a incorporar integração e mobilidade, conceitos que norteavam principalmente o ambiente de Tecnologia da Informação (TI).

Nesse novo cenário, balanças, leitores de códigos de barras e checkouts, por exemplo, estão se transformando em poderosas soluções para a redução de custos e o aumento dos ganhos operacionais, da produtividade e eficiência das empresas de todos os portes. À medida que se torna mais abrangente e democrática, a aplicação da automação comercial avança no Brasil. “Varejistas que consideravam automação comercial apenas como controle de perdas hoje encaram as soluções como ferramentas de gestão e competitividade no mercado”, avalia Luis Lourenço, Diretor de Soluções Avançadas da Ingram Micro Brasil.

Uma das tendências desse novo varejo, diz o executivo da subsidiária brasileira, são as soluções de realidade aumentada. Essa mistura do mundo real com o virtual, antes restrita aos games e filmes de ficção científica, chegou aos centros de distribuição. Utilizando óculos especiais equipados com câmera e GPS, operadores conseguem localizar produtos em grandes áreas e dar baixa automaticamente. Já nos supermercados, é intensa a adesão aos self-checkouts, equipamentos que permitem ao cliente fazer todos os processos da compra sem o auxílio de um atendente. Agora, também já é possível automatizar uma empresa no Brasil com custos mais baixos e fácil manutenção.


As oportunidades

Atenta aos movimentos desse mercado, a Ingram Micro Brasil estruturou em 2013 uma divisão interna para fortalecer o relacionamento com canais de automação comercial (AC) e identificação e coleta automática de dados (AIDC). Operada por 15 profissionais, a divisão vem dobrando de tamanho desde a sua criação, com expectativas de repetir o desempenho em 2017.

Segundo Dagoberto Bianchi, Gerente de Vendas de Automação Comercial da Ingram Micro Brasil, soluções antes procuradas apenas por grandes varejistas passaram a despertar atenção de pequenas e médias redes, dando mais gás para expansão do mercado. “Agora todo mundo quer investir em gestão, a tecnologia está mais barata e mais abrangente”, explica Bianchi. Dos mais de 70 fabricantes de TI parceiros da Ingram Micro no mercado brasileiro, 17 são voltados exclusivamente ao segmento de automação comercial. “Enxergamos novas oportunidades de venda a partir da profissionalização do mercado”, explica o gerente.

O crescimento mais recente do mercado de automação no Brasil coincide também com a obrigatoriedade de implementações da Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e) e do Sistema Autenticador e Transmissor de Cupons Fiscais Eletrônicos (SAT). Adotada em diversos estados, a nova legislação impulsionou a expansão do uso de soluções de impressão portáteis por varejistas, que passaram a ter que documentar eletronicamente as operações comerciais de seus pontos de venda.

De acordo com Nelson Miyashita, Gerente da Divisão de Produtos DCPOS da Ingram Micro Brasil, as novas exigências do fisco estimularam a aproximação da distribuidora com parceiros regionais. A subsidiária brasileira aproveitou a oportunidade para iniciar um processo de catequização pelo País, auxiliando revendas a gerar demanda nos seus clientes finais.

Na opinião de analistas, iniciativas como a da Ingram Micro têm dado a oportunidade para os varejistas descobrirem como extrair vantagens valiosas dos novos equipamentos. “Automação deixou de ser obrigação e virou necessidade para quem quer gerir melhor o seu negócio.”, diz Orvile Pompeu, Gerente de Canais e Distribuição da Gertec, especializada em tecnologia comercial e bancária.

Luis Lourenço, Diretor de Soluções Avançadas da Ingram Micro Brasil

Luis Lourenço, Diretor de Soluções Avançadas da Ingram Micro Brasil

Dagoberto Bianchi, Gerente de Vendas de Automação Comercial da Ingram Micro Brasil

Dagoberto Bianchi, Gerente de Vendas de Automação Comercial da Ingram Micro Brasil

Nelson Miyashita, Gerente da Divisão de Produtos DCPOS da Ingram Micro Brasil

Nelson Miyashita, Gerente da Divisão de Produtos DCPOS da Ingram Micro Brasil

Orvile Pompeu, Gerente de Canais e Distribuição da Gertec

Orvile Pompeu, Gerente de Canais e Distribuição da Gertec

 

 

A realidade brasileira

Quando estabelecimentos comerciais foram obrigados a implementar terminais de consulta de preços, em 2006, a uma distância mínima de 15 metros, muitos varejistas reprovaram a determinação. Hoje, supermercados e livrarias aproveitam a evolução dos equipamentos para proporcionar uma nova experiência do cliente com o produto e o estabelecimento. Além de consultar os preços, alguns terminais realizam pesquisas de satisfação, sugerem novos produtos e até transmitem propagandas. Pompeu adianta que a Gertec continua investindo na sua linha de terminais de consulta e promete para este ano ainda um terminal Android, que traz diversas facilidades para software houses desenvolverem as mais diversas aplicações.

De acordo com Vanderlei Ferreira, Country Manager da Zebra Technologies no Brasil, também parceiro da Ingram Micro, o grande desafio para o setor no País ainda é a alta carga tributária. Segundo Ferreira, empresas de outros países têm acesso a tecnologias a custos operacionais reduzidos, com retorno mais imediato do investimento para o cliente e todos os players da cadeia. Para Isac Berman, Diretor de Vendas da Honeywell Brasil, as atuais taxas de impostos de importação são o último entrave para popularizar de vez as tecnologias no País. Para Berman, o setor deveria se articular para pleitear condições especiais de isenção junto ao governo, com o objetivo de abrir espaço para a colocação de produtos a preços mais acessíveis no mercado nacional.

Segundo Zenon Leite Neto, Presidente da Autocom, principal feira de automação comercial da América Latina, realizada em São Paulo em abril, apenas 15% do mercado brasileiro é automatizado. O percentual é modesto em comparação a países como Estados Unidos e Japão, mas o potencial de crescimento do segmento no Brasil pode reduzir a disparidade já nos próximos anos. “Querer experimentar novidades tecnológicas faz parte da cultura latina”, afirma Alfred Navarro, Diretor de DC/POS Global & Vendor Engagement Latin America da Ingram Micro. Para o executivo, faz parte do DNA do varejo brasileiro o costume de testar tecnologias inovadoras em seus mercados. “Notamos que hoje as empresas menores estão sendo engajadas de maneira mais intensa”, diz Navarro.

Essa mudança na mentalidade dos empresários e dos consumidores brasileiros e a aceleração do mercado de automação comercial no País estimularam a Epson a considerar o lançamento de novas linhas de soluções para o Brasil, onde a venda de seus produtos cresceu 40% nos últimos 12 meses. Segundo Mateus Larrabure, Especialista de Produtos da Epson, a demanda por impressoras portáteis, até então pouco difundidas no País, dobrou entre pequenos varejistas. “Motivados pela perda de clientes em lojas físicas, proprietários de cafés, bares e mercados estão se movimentando para tornar a experiência de compra mais atrativa”, diz Larrabure.

Vanderlei Ferreira, Country Manager da Zebra Technologies no Brasil

Vanderlei Ferreira, Country Manager da Zebra Technologies no Brasil

Isac Berman, Diretor de Vendas da Honeywell Brasil

Isac Berman, Diretor de Vendas da Honeywell Brasil

Zenon Leite Neto, Presidente da Autocom

Zenon Leite Neto, Presidente da Autocom

Mateus Larrabure, Especialista de Produtos da Epson

Mateus Larrabure, Especialista de Produtos da Epson

 

Convergência

Do ponto de vista de fabricantes e distribuidores, as mudanças culturais exigem mais convergência e conhecimento das novas tecnologias. “Em parceria com nossos canais, conseguimos levar aos clientes soluções tão avançadas quanto as utilizadas nos países mais desenvolvidos”, garante Luis Lourenço. Apesar de desembarcarem tardiamente no País, as principais inovações de automação chegam aqui mais maduras, uma vez já submetidas a testes e adaptações em outros mercados pelo mundo.

Mesmo voltadas para se adaptar ao varejo, soluções de automação estão sendo desenvolvidas para beneficiar qualquer segmento de mercado. Setores como serviços, financeiro, agronegócio, indústria e construção civil estão automatizando suas atividades para otimizar tempo, custos, segurança e transparência. “O conceito da vez é integração, todos os players usando a transformação tecnológica para resolver os problemas do cliente”, conclui Lourenço. O Brasil e a Ingram Micro não ficarão por fora das novas tendências.